Audiodescrição
A lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (Lei nº 13146) traz em seu primeiro artigo algo que considero fundamental e que traz grandes avanços para se pensar a inclusão: o termo “condições de igualdade”. Na prática, sabe o que isso significa? Significa que em uma escola, por exemplo, quando for aplicada uma avaliação para uma turma que tenha um aluno cego, eu não posso aplicar a prova em braile para todos os alunos e tão pouco a prova em texto para todos eles. Percebem a diferença? Não é para ser igual, mas para dar condição de igualdade, se em uma prova em texto os alunos sem deficiência têm acesso ao que está escrito, o aluno cego também tem o direito de ter acesso à aquela informação, como não há possibilidade de que ele leia a prova é preciso oferecer a prova em um formato que seja acessível a ele.
Já que estamos falando em condições de igualdade e em pessoas cegas, peço para que façam um teste: assista de olhos fechados um vídeo que você nunca tenha visto antes. Tente imaginar o conteúdo em imagem que esse vídeo tem e depois assista ao vídeo de olhos abertos. Como foi essa experiência? Pois é, os cegos não têm a opção de “abrir os olhos” e assistir o vídeo como você teve. Já imaginou como é não ter acesso a tanta informação em um mundo tão visual? É por isso que existe a audiodescrição!
A autora do site Ver com palavras, Livia Motta, define a audiodescrição como um “recurso de acessibilidade que amplia o entendimento das pessoas com deficiência visual em eventos culturais, gravados ou ao vivo, como: peças de teatro, programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas, desfiles e espetáculos de dança; eventos turísticos, esportivos, pedagógicos e científicos tais como aulas, seminários, congressos, palestras, feiras e outros, por meio de informação sonora”
Ela pode acontecer de algumas maneiras diferentes: ao vivo, que é quando o audiodescritor já teve contato prévio com o roteiro ou cena em questão e faz a audiodescrição no momento que a cena está acontecendo. É geralmente o caso de peças de teatro, por exemplo. Outra forma é gravada, que como o próprio nome diz, acontece quando ela é gravada previamente, como no caso de filmes e séries. Pode ser também simultânea, quando acontece no momento em que a cena está acontecendo e o áudio descrito não teve acesso prévio a essa cena, como jogos de futebol, por exemplo.
Em eventos como peças de teatro e shows ela acontece geralmente por meio de um fone de ouvido que é dado aos participantes que necessitam dela, o audiodescritor fica em uma cabine assistindo a peça e passa as informações por meio desse fone.
É papel do audiodescritor, nesse caso, descrever as cenas e tudo o que não está sendo falado ou que não pode ser identificado por meio da audição. No caso de uma peça de teatro, por exemplo, descrever as expressões faciais dos atores, o cenário, o que está acontecendo no momento da fala e outras informações que não estão disponíveis em razão de sua deficiência e que são necessárias ao seu entendimento
Não é apenas a pessoa com deficiência visual que pode se beneficiar da audiodescrição, mas também pessoas com deficiência intelectual e idosos, por exemplo. É um recurso de fundamental importância, pois possibilita aquela condição de igualdade que comentamos lá no início do texto. Mas não pense que é só sair por aí narrando em cima de vídeos, existe toda uma técnica por traz disso, não é algo simples de ser feito. No brasil existem empresas especializadas que prestam esse serviço. Ficou curioso para ver como funciona a audiodescrição? A Netflix disponibiliza audiodescrição para alguns itens de seu acervo, basta ir no menu inferior e acessar o ícone “descrição do áudio” e você terá acesso a quais vídeos possuem esse recurso. A série 3%, por exemplo, é uma das que pode ser vista com audiodescrição em português.
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Inconformada com o preconceito e com uma educação não inclusiva tenta todos os dias fazer algo para que isso seja diferente. Mais que um valor moral, tornou isso sua profissão. Apaixonada por educação e inclusão. Sonha em viajar o mundo e num mundo que não seja mais preciso falar em inclusão, pois a inclusão pressupõe a exclusão.